Em meio às últimas palmas de sua ovação de pé, o diretor Kenny Leon disse algumas palavras finais (e coloridas) para seu público no Barrymore Theatre: “Nossa-porra-cidade!” Na verdade, Leon – junto com seu elenco repleto de estrelas como Jim Parsons, Katie Holmes e Zoey Deutch – acabara de realizar um feito digno de um palavrão energizado. Após 20 anos, eles reviveram com sucesso a peça seminal de Thornton Wilder, Our Town, na Broadway. Na manhã seguinte, o The New York Times publicou uma crítica entusiasmada para todos lerem enquanto tomavam seu café.
Quando Wilder escreveu Our Town em 1938, ele queria que fosse executada sem sentimentalismo e seca como um osso. Seu palco não tinha adereços e era um cenário simples. Em vez disso, os atores fizeram pantomima. Tal instrução foi presciente; a cidade fictícia de Grover’s Corners, New Hampshire, está aberta a interpretações infinitas diante de um público livre de nostalgia. Isso garantiu sua longevidade nos cinemas americanos nos últimos 86 anos. “É simples, mas profundo. Tão, tão profundo”, diz Deutch, que interpreta Emily. “Está cheio de sentimento real que não é o mesmo que sentimental. Quanto a ser monótona, o acontecimento da peça é enorme – é a própria vida.” Adiciona Holmes: “Cada palavra tem muita intenção”. (Parsons também brinca que Holmes, que interpreta a Sra. Gibbs, era o membro do elenco mais obsessivo com sua pantomima: “Não acho que ninguém reclamou ou se preocupou mais com sua rotina na cozinha do que Katie Holmes”, diz ele, rindo. “ Ela está sempre salgando tudo o que está assando!” Holmes brinca que, na noite de estreia, ela fará para Parsons um falso Eggs Benedict.)
Na versão de Leon, o cenário temporal também é abstrato. Embora o gerente de palco Parsons se mantenha fiel ao cenário Wilder de 1901, muitos personagens usam trajes anacrônicos. O entregador de jornais Joe Crowell, por exemplo, usa um boné de beisebol virado para trás e um moletom com capuz enquanto Parsons nos informa que morrerá na Primeira Guerra Mundial. (Esta é uma frase que Parsons diz ter repassado mais do que qualquer outra: “Devo ter lido isso três ou quatro vezes – sedutoramente, parece simples, e então você começa a perceber o quão profundo é.”) George e Emily de Deutch se casam com “Lost Without You” da dupla de R&B Bebe & Cece Winans. E depois há a própria composição de Grover’s Corners: os habitantes da cidade são uma mistura de crenças e raças que podem não parecer New Hampshire na virada do século. Mas com certeza parece a América hoje “Grover’s Corners pertence a todos nós”, diz Deutch “E em sua especificidade, torna-se todas as cidades”.
Na plateia estavam vários nomes notáveis. Michael Kors caminhou pelo corredor com seus óculos escuros; Nina Dobrev usou um vestido preto elegante, enquanto seu namorado Shaun White estava por perto. Kaitlyn Dever de Booksmart, em Michael Kors, acomodou-se em seu assento. Duas horas depois, ela saiu com os olhos turvos, aparentemente ainda processando o solilóquio de Emily – conhecido como um dos mais poderosos da história do teatro. (“Algum ser humano já percebeu a vida enquanto a vive? – a cada, a cada minuto?” Emily pergunta ao diretor de palco. “Não. Os santos e os poetas, talvez eles façam alguns”, ele respondeu.)
Muitos foram para a Trattoria Dell’arte após a cortina para a festa. Parsons, repleto de simpatizantes, mal conseguia abrir caminho no meio da multidão. Holmes, em um vestido de seda azul, agradeceu a vários membros do elenco e da equipe técnica. Então veio Deutch com um vestido Chanel Spring 2023 brilhante forrado com penas rosa e uma bolsa combinando. Ela pronunciou uma das falas mais famosas de sua personagem: “Mamãe, estou aqui. Eu cresci!” – enquanto abraçava a si mesma.
É algo que ela conhece de cor há muito tempo: “Our Town está na minha mesa de cabeceira desde que eu tinha 13 anos”, diz ela.
Créditos: Vogue
